terça-feira, 20 de maio de 2014

Lisboa, Menina e Moça

Praça do Comércio
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida.

Lisboa Menina e Moça, Carlos do Carmo

Lisboa é uma cidade diferente. Uma cidade de contrastes. Porto de entrada na Europa, Lisboa reflecte uma mescla cultural presente na sua arquitectura, nos seus costumes, e nas pessoas que hoje habitam a capital portuguesa.

Destruída quase na sua totalidade pelo terramoto de 1755, a cidade das sete colinas foi alvo de um grande empreendimento de reconstrução protagonizado pelo Marquês de Pombal. A arquitectura pombalina, com maior representatividade na Praça do Comércio, também conhecida como Terreiro do Paço, é caracterizada pelas avenidas largas organizadas em traçado ortogonal, e por prédios baixos e extensos, sustentados por um engenhoso sistema de suportes em madeira.

A Rua Augusta, hoje conhecida pelas suas lojas de marcas de gama alta, e pela sua figuração em filmes como “As Viagens de Gulliver” de 1996, é o principal postal da cidade, e uma passagem obrigatória para o mais comum dos viajantes. Inaugurado no Verão de 2013, é hoje possível subir ao miradouro do Arco da Rua Augusta, para observar uma das mais emblemáticas vistas panorâmicas que esta cidade tem para oferecer.

Eléctrico e Calçada Portuguesa
A par das confeitarias típicas desta zona, a baixa de Lisboa é composta por uma amálgama de pontos de interesse. Do Teatro Nacional D. Maria II, ao Museu do Design e da Moda, passando pelo Chiado, pelo café “A Brasileira” onde pode fazer companhia a uma réplica em bronze do poeta Fernando Pessoa, ao elevador de Santa Justa, e ao inevitável Bairro Alto. Um bairro pitoresco, construído sobre um labirinto caótico, herança da ocupação árabe da cidade até à sua conquista no Cerco de Lisboa em 1147.

O Bairro Alto é a “la movida” lisboeta. Com uma grande oferta de bares, as noites de quinta, sexta e sábado são ocupadas por jovens que saltam de porta em porta, de Fado a Hip-Hop, de Rock a Kizomba, de Jazz a música electrónica, há espaços, e música para todos os gostos.

Para os amantes da fotografia, Lisboa faz jus ao seu nome de cidade das sete colinas, disponibilizando uma série de miradouros que permitem captar as diversas facetas da capital. O já referido Arco da Rua Augusta é apenas o mais recente membro de uma família que incluí locais como, o Miradouro da Graça, Santa Luzia, São Pedro de Alcântara, o Castelo de São Jorge, e as Portas do Sol, num total de quinze locais que proporcionam um roteiro extenso pelos pontos menos conhecidos da cidade.

Castelo de São Jorge visto do Elevador de Santa Justa
Contudo, é possível que a melhor vista da cidade esteja ao abandono. Para aqueles com espírito de aventura, o velho edifício panorâmico de Monsanto é um bom local para contemplar a metrópole lisboeta, com o extra deste incluir uma visita com uma componente arqueológica, e também ela sinistra, de um edifício abandonado e em ruínas.

Políticas de centralização, e má distribuição de recursos, fazem de Lisboa o epicentro cultural, histórico, e científico de Portugal. Com inúmeros teatros e salas de espectáculo, difícil é não encontrar um dia com eventos de projecção internacional a decorrer em uma delas.

O Oceanário, e o Zoo de Lisboa, são duas das principais atracções da cidade, que contrastam com o passado colonialista do antigo Império Português, e que são hoje espaços educativos, virados para a investigação e recuperação de espécies em vias de extinção. A fachada ostensiva do Museu de História Natural e Jardim Botânico de Lisboa, é um bom local para visitar com entradas gratuitas aos Domingos de manhã, uma extensa colecção permanente, e uma variedade de exposições temporárias, capazes de alimentar os sonhos da mente mais curiosa.

Mosteiro dos Jerónimos em Belém
Belém é uma boa sugestão para um calmo final de tarde, a ver o pôr-do-sol sob o rio Tejo. Com a ponte 25 de Abril, a “Golden Gate” portuguesa, no horizonte, o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém e o Padrão dos Descobrimentos no fundo, esta é uma zona de passagem obrigatória para quem gosta de boa confeitaria. Os famosos Pastéis de Belém, são apenas encontrados aqui n’A Antiga Confeitaria de Belém, ao lado dos Jerónimos.

Com as Docas e o Bairro Alto como pontos principais de diversão nocturna, deixo como alternativa a Fábrica de Braço de PrataUm espaço multicultural, aproveitado de uma antiga fábrica, onde figuram exposições de arte urbana, bares, concertos ao vivo, e dança contemporânea, entre outros eventos que dão vida a este espaço pela noite dentro.

Lisboa é uma cidade de Fado. Bairrista. De Marchas Populares, e de tradição. Lisboa é uma metrópole moderna, virada para a Europa e para o Mundo, com raízes romanas, celtas, árabes, lusitanas, portuguesas e africanas.

Padrão dos Descobrimentos
Lisboa não é uma cidade portuguesa, nem tão pouco uma cidade representativa da alma portuguesa. É sim um porto internacional, criado sob uma bandeira de portugalidade que ainda hoje se encontra na sua mais básica componente, mas que cada vez mais perdeu a sua ligação com o resto do país. Contudo, continua a ser uma boa casa de partida para aqueles que pretendem aventurar-se pelo resto do país, e um destino a não perder.

Publicado em 20 de Maio de 2014 no blogue Vontade de Viajar
Reeditado em 19 de Junho de 2014

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