quinta-feira, 20 de novembro de 2008

XVI

É tudo tão previsível.
Meras equações decifráveis,
Números, letras, e sinais,
Conjugados no mesmo resultado.

É tudo tão previsível.
Provérbios e oráculos,
De dias e noites,
Em sequências inquebráveis.

É tudo tão previsível.
Sem desafio, sem vantagem,
Derrotas de vitórias,
Nunca, e sempre, conquistadas.

É tudo tão previsível.
Palavras descodificadas,
De cifras por esconder,
Perdidas em algum código.

É tudo tão previsível.
Definições, terminologias,
Hipóteses, e conclusões,
Sempre com o mesmo fim.

É tudo tão previsível. 

Publicado em 22 de Agosto de 2013

domingo, 6 de abril de 2008

XV

Chamas cobrem o corredor.
O calor intenso ofusca as paredes.
Um brilho belo e mortal,
Apaga a inocência de um local,
Em tempos seguro, privado do mal incandescente.

Tecto de labaredas,
Que o próprio fumo se desvanece.
Não há água que extinga,
A potência de tão malvado ser.

Vermelho, laranja, amarelo.
Ao fundo, uma luz branca,
Não de morte, mas mortal.
Não de paraíso, mas de calor.

Lâminas brilhantes de luz,
Acariciam, acalmam.
Quase apetece adormecer,
No seu abraço quente e seguro.

A sedução do corredor,
Bem perto do fim,
Desfecha numa avalanche de medo,
O quente cobertor,
Que se encerra numa beleza de cores.

Alheio a quaisquer gritos de dor,
Vence o silêncio, o corredor.

Publicado em 19 de Agosto de 2013

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

XIV

Máscaras, todos as usamos.
Faces feridas encobertas,
Desgostos, disfarçados de sorrisos.
Mentiras, perdidas em desenhos.

Carnavais das nossas vidas,
Dias extras que não vivemos,
Tudo escondido por detrás,
De todo um emaranhado que se desfaz.

Frases não ditas, por ditas
Palavras malditas.
Máscaras de ódio pelo amor,
Máscaras de amor pelo ódio.

Todos as usamos, todos as dizemos.
Poucos de nós pensamos,
Poucos de nós fazemos,
Mas todos escondemos.

Máscaras de felicidade triste.
A infelicidade alegre do nosso ser.
Pedidos de esperança,
De falsos olhares e dizeres.

Máscaras de gestos,
Velhos, novos,
Ternos, eternos.
Máscaras do nada, que todos somos,

Máscaras.

Publicado em 14 de Agosto de 2013

domingo, 6 de janeiro de 2008

XIII

Sinto-me longe.
Foi tudo um sonho?
Um passado perdido, de um real ilusório.

Terá sido verdade?
O que aconteceu,
Se foi real, porque não é recordado?

Memórias, fragmentos,
Imagens, sequências perdidas,
Inacabadas.

Motivos perdidos. Nada.
Nada, não foi nada,
Porque está tudo tão longe.

Para onde foi?
O que em tempos foi real,
Ou que nunca o chegou a ser.

Para onde ir? Depois.
Se o passado se apaga,
Se o passado não existe.

Para onde ir?


Publicado em 11 de Agosto de 2013