domingo, 17 de abril de 2005

III

Uma Noite (título original)

Descanso ao luar,
Observo as estrelas,
Nelas, tento contornar
Um rosto de feições belas.

Num ápice, vejo-as a acabar
Pois nem um céu estrelado,
Tão odiado e adorado,
Chega para te representar.

Uma visão de ti, eu tenho
Procuro aproximar-me dela
Mas a luz nocturna cega-me.

Por mais que queira, ela nega
Que és tu que tenho que encontrar.
Mas pouco preciso de andar.

Observando o teu olhar
Ao meu lado, nesta luz negra
Tudo me impede de dizer não,
Pois apenas quero estar no teu coração
.

Publicado em 30 de Maio de 2013

II

Foto DR
Flor Lilás (título original)

Amanhã
Amanhã já é tarde
Amanhã não é hoje
Amanhã será
Amanhã virá
Mas hoje não é amanhã

De prédios altos
Para baixo olho
O ar azula-se
O céu escurece
O silêncio abre
O solo sobe, rapidamente
A cortina cai, lentamente

A noite não vem
O mundo não presta
O carro não anda
Continuas a cair
Não paras
Nunca pararás

Para que serve explicar aquilo que não faz sentido,
para que serve prosar aquilo que só o verso ilumina.
Nada serve para nada...
 

Publicado em 28 de Maio de 2013

E depois?

Vês vento?

E depois?

Olha pela janela.

E depois?

Ontem estava sol.

E depois?

Porque estás sempre a dizer a mesma coisa?

Sou um atendedor de chamadas.

Não queríamos todos telefonar a alguém e apanhar com uma coisa destas? Não? Ok.

As chamadas telefónicas são uma realidade que me assusta. Tenho fobia por contas de telefone. Mas não quero ir por aí. 

Porque raio haveria alguém de, em vez de dizer “tô” (que para esclarecer algumas mentes leigas, “tô” quer dizer “porco”, por isso se responderem “sim” estão a ser do mais ingénuo que anda por aí), olá, estou sim ou está lá, perguntar logo vês vento?! 

Ora, em primeiro lugar, o vento não se vê, a menos que ela se esteja a referir às árvores ou a outra coisa qualquer, como uma vaca voadora. Para além dessas excepções, a única maneira de sabermos se está vento é abrir a janela e senti-lo. Algo que nem sequer é pedido. 

Mas porque estou a falar disto? Não, não vou explicar. Simplesmente não sei o porquê de estar a falar sobre isto, por isso vou parar e dar uma volta de cento e oitenta graus enquanto mudo de assunto.

No outro dia estava a ver o Curto Circuito e a pensar em certas e determinadas coisas relativas a assuntos que não têm nada a ver com o que vai ser referido. E pensei no facto da Igreja ser contra o uso de contraceptivos. 

Ora, a Igreja é contra o sexo fora do matrimónio, e contra todas as actividades sexuais que apenas têm como objectivo dar prazer. Daí, como eles têm estas mentes pequeninas e presas no seu próprio mundo (assim eu espero), ao oporem-se ao uso de contraceptivos eles, na verdade, opõem-se apenas a que casais, casados pela Igreja, usem contraceptivos. 

Basicamente, eles querem que sempre que um casal se envolva no acto sexual que estes o façam com a intenção de procriar. E agora que falei sobre um tema que não tem nada a ver, vou fechar esta rúbrica sem sentido. Espero que não seja de todo deprimente, mas sim patética, como eu tenho quase a certeza que o é.

Publicado em 27 de Maio de 2013

segunda-feira, 4 de abril de 2005

New Order, Waiting for the Siren's Call

Muito tempo esperei. Após vários arranques e paragens lá o encontrei em destaque numa prateleira da fnac, dedicada apenas a este álbum. Até trazia um single grátis como que a compensar pela longa espera. Saíram-me uns bons € 18,95 do bolso mas, agora que já o ouvi, posso garantir que valeu cada cêntimo (o mesmo não posso dizer do single, mas foi grátis por isso a minha remixófobia pode ser posta a um canto).

Podia começar por falar de cada faixa e prolongar este texto com mais onze parágrafos, todos eles de qualidade, mas basta dizer isto para prever que tudo o que diria nessas linhas seria um mero embelezamento das onze faixas que, na correcta "ordem", completam o álbum em perfeição.

O primeiro single do álbum (e o que foi oferecido), denominado de Krafty, é um hino ao nosso excessivo urbanismo e a estes dias que são passados a correr de um lado para o outro. Para destinos indefinidos onde nada fazemos se não limpar algumas horas do nosso calendário de vida que, a cada dia que passa, fica mais curto. Tretas (mas achei que soaria muito poético, ou meramente melódico), o que realmente interessa para um verdadeiro fã como eu são os ritmos. O baixo do Hooky que parece não se deteriorar com a idade e aquela voz do Bernie que foi de esganiçada a quase divinal (quem ouviu o álbum Movement percebe o que eu quero dizer com isto). 

Um regresso aos ritmos do Technique com a essência do Republic. Foi a primeira ideia que tive após o leitor de CD's fazer aquele barulho de um disco a derrapar que seria mais irritante com um aumento de uns vinte decibéis (e eu não percebo nada disso!). 

Acho que nem vale a pena dizer que aqueles álbuns são um "must" para qualquer interessado. Os preços são acessíveis já que não passam dos € 10 mas, como os vossos bolsos são cépticos a novas experiências, podem sempre "sacá-los" de qualquer programa que sirva para esse efeito (coisa que me desagrada muito, mas não se pode contrariar as massas se não, não há lasanha para ninguém).

No entanto, apenas consigo ouvir de ânimo leve (não sei escrever "ânimo" processem-me se vos fizer feliz) cinco ou seis das onze faixas incluídas no álbum. Como dizem os islâmicos, apenas Deus é perfeito, o que é um paradoxo já que os New Order são considerados "Godlike geniuses" ("tão génios como deuses" para os leigos). "Morning, Night and Day", "Krafty", "Dracula's Castle" e "Waiting for the Siren's Call" (fora qualquer uma que me tenha esquecido) são as faixas que realmente identificam este álbum como um dos melhores álbuns que estes deuses alguma vez criaram.

Phill Cunnigham fez um bom papel ao substituir a Gillian. No entanto, continuo a lamentar a sua saída da banda, o seu toque pouco feminino sempre animava as coisas.

Talvez um artigo que não se conecta com os anteriores mas sabe bem falar daquilo que se gosta de quando em vez (como eu odeio este termo).

P.S.: Não, não estou de mau humor. As mensagens subliminares são para ser investigadas, não induzidas. 

Publicado em 27 de Maio de 2013