quinta-feira, 25 de novembro de 2010

XX

Imagem apagada, de um caminho deserto,
Ancestrais pegadas, perdidas no vento.
Espaços vazios. Nada.

Realidade imaginária, nunca questionada,
Sopros de silêncio, pela noite abafados.
Viagens por partir. Nada.

Cidades escuras, de idiomas ausentes,
Carentes ruínas, ainda por escrever.
Tempos perdidos. Nada.

Sonetos antigos, sem palavras, nem verbo,
Desenhos gastos, por livros encobertos.
Sonhos esquecidos. Nada.

Mortes insípidas, vazias de dor,
Vidas corridas, cegas por amor.
Histórias em branco. Nada.

Nomes deixados, algures no horizonte,
Passados vencidos, derrotas sem sabor.
Saberes desleixados. Nada.

Cansaço eterno, por saúdes prometidas,
Mentes adormecidas, sem onda, nem valor.
Projectos parados. Nada.

Esperança contínua, sem sentido de razão,
Preces ouvidas, sem pedido, ou decisão.
Águas retraídas. Nada.

Tudo, em um todo, apenas,
Paradoxos eloquentes, de parágrafos roubados.
Poemas iletrados. Nada.

Certezas antes vistas, no incerto do destino,
Runas indecisas, por um fado caótico.
Letras encobertas. Nada.

Sentimentos guardados, na ânsia do porvir,
Futuros inesperados, no limite de desistir.
Corações partidos. Nada.

Doces Novembros, há muito vividos,
Nunca esquecidos, hoje partilhados.
Amor por viver. Dias por receber.
Nada, é tão simples.
Nada, que tudo é. Tudo.

Publicado em 9 de Setembro de 2013