sábado, 31 de dezembro de 2005

E agora algo completamente diferente...

...um artigo cujo tema nada tem a ver com a passagem de ano. 

Nesta última semana mergulhei no mundo de Ian Curtis. Após ter recebido o livro Touching from a Distance no Natal, biografia escrita pela sua mulher Deborah Curtis, e de o ter lido até à última página, fiquei a conhecer o Ian de uma forma mais profunda. 

Vi a sua faceta humana, o desvendar do mito. Quase da mesma maneira que fiquei a conhecer a verdade sobre a vida de Jesus depois de ver alguns documentários interessantes no Discovery Channel. Mas, ao contrário do segundo, Ian era um verdadeiro mito. Um ícone de uma geração, e alguém que eu vinha a mistificar. 

A biografia de Ian Curtis tem potencial para chocar a grande maioria daqueles que a lerem, mas não a mim. A sua verdadeira história não me surpreendeu. Ele continua a ser o mesmo mito que era, embora já não seja aquele ser perfeito, que honestamente, nunca foi. 

O Ian foi um revolucionário, um mártir. Nas palavras de Tony Wilson, The musical equivalent of Che Guevara

Ele foi o que teve de ser. A sua vida não lhe proporcionou que fosse outra coisa. Levou os Joy Division ao topo. Levou-se a si próprio ao extremo, e aos 24, terminou com a sua vida. 

Ian podia ter sido gigantesco, por mais impossível que pareça tentar elevá-lo mais alto do que ele já é. Motivou os U2, e deixou algum legado nos New Order. Ele estava demasiado à frente do seu tempo, e já era uma figura maior que a própria vida. Só na morte se viu a essência da sua verdadeira grandeza. 

Continua a caminhar em silêncio Ian! 



Publicado em 17 de Julho de 2013

sábado, 24 de dezembro de 2005

The Night Before Christmas

Ou Consoada, como aqueles de alma lusitana gostam de lhe chamar. Não venho aqui falar do sentido do Natal, todos sabem qual é. Não quero falar do que está mal no Natal actual, ou melhor, da maneira que as pessoas encontraram para estragar esta quadra. Falar disso apenas ofusca e ridiculariza o verdadeiro sentido do Natal. 

Que importa se Jesus não nasceu nesta noite? Para mim, o meu aniversário é um tempo de reflexão. Aquele sentimento de obrigação, estampado nos vossos olhos, quando me felicitam nesse dia, apenas contribui para a minha infelicidade. 

O dia em que nascemos é importante, e deve ser recordado por nós. O dia em que os outros festejam esse acontecimento, pouca importância tem. A verdade é que este dia transcendeu o nascimento de Jesus e aglomerou tradições dos quatro cantos do mundo. Tradições milenares que não foram esquecidas graças à celebração deste dia. 

Muito além deste sentido de preservação, também há o sentido de reflexão. O Natal é o momento para nos esquecermos do ano que passou. Para deixar as coisas más no armário, e para dar uma olhadela no álbum das boas memorias. 

É a altura perfeita para fazermos uma viagem pessoal, fora do nosso ego. Para esquecermos o egoísmo, e para procurarmos fazer alguém, e nós próprios, felizes. Seja com uma prenda ou com um simples gesto. 

Não digam mal do Natal. Por muitos anos o adoraram. Ao longo dos séculos foi um símbolo de união entre povos. É um sinal de esperança para o Futuro. O ponto de partida para a Paz e para a Solidariedade. 

O Natal é o que é. É o que fazemos dele, e não o que os outros fazem dele. 

Aproveitem o Natal. Deixem-se envolver pelo seu verdadeiro sentido. E lembrem-se, nem que seja apenas por um milésimo de segundo, mas lembrem-se de serem felizes. Não há melhor dia que este para o serem. 

Desejo-vos uma boa noite de consoada. Façam do Natal aquilo que o vosso coração quer que ele seja. 

Feliz Natal para todos, e para todos uma boa noite. Hoje todos nós somos iguais aos olhos uns dos outros. 

Ámen 
Publicado em 16 de Julho de 2013

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

A Véspera da Véspera de Natal

Já dizia alguém que percebe do assunto: Nós temos 365 maneiras de fazer bacalhau! Pois a mim só me interessa a maneira 358 – como génio mal compreendido da matemática, explico para aqueles que não o são, que esse número corresponde ao dia 24 de Dezembro, pelo menos em anos que bissextos não o são. 

Hoje é a véspera da véspera de Natal, a véspera da Consoada, ou simplesmente o dia 23 de Dezembro. 

Já era madrugada de 22 para 23, quando a minha contínua busca de conhecimento, leva-me a iniciar uma conversa com uma conterrânea da formosa Invicta, e a descobrir mais um dos males impostos por estes anos de refúgio ovarino. Era do meu total desconhecimento o que eram Pencas. 

Isto não é bem verdade, no limiar da minha cabeça “penca” era sinónimo de “nariz”, mas aqui voltamos à eterna luta entre o pingo e o garoto. A penca para esta conterrânea, e para todos os seus conterrâneos, é uma couve repolhuda, que por estas bandas tem o nome de Couvões. Para meu espanto, na Consoada juntamos ao azeite, à batata cozida, àqueles verdes que nunca como, à pimenta e ao alho, as ditas Pencas. 

No meio de narizes e Bacalhaus (que os nossos amigos Ingleses são incapazes de pronunciar devido à inexistência do som "lh" na sua fonética, acabando por graciosamente sair esta palavra risível de se ouvir: bacaíau) acabamos por nos sentar à mesa, amanhã, na véspera do dia de Natal, prontos para encher a pança com esta iguaria. A ela juntam-se os bilharacos, feitos de abóbora ou de cabaça (mais uma luta eterna), o tão dito e declarado Pão-de-Ló, não o Portucalense que esse nem de bolo seco merece ser chamado, mas a iguaria vareira, que há tantos anos dá "nome" a este sítio, as frutas cristalizadas, os pinhões, e etc., e etc. 

Não quero falar da aletria, ou da letria, que já muitos desgostos me trouxe. Mas que estou para aqui a dizer? O importante são as Pencas, minhas senhoras e meus senhores. Essas maravilhas do mundo vegetal que a minha Mãe chega a ter em excesso no quintal. 

De Couvões pouco percebo. Serão angiospérmicas? Espero que não, já que nem sei o que angiospérmicas são. Só sei que no meu prato vão aparecer, não será sinónimo de eu as ir comer, mas pelo menos lá estarão. 

Depois da tempestade a bonança. Mas ainda é dia 23, coitado deste dia, ser véspera de véspera é como ser deputado, é ser nada sem significado. Mas do Nada, já falei, ao Pai Natal escrevi, do Natal em si, esperarei, e em breve comentarei. Até lá só digo assim: Morre Pencas, morre! Pim! 

Publicado em 15 de Julho de 2013

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Algumas coisas que não me agradam

Como estamos em época natalícia, e para contrariar um pouco a onda de boas festas e de felicidade, provocada por este povo endoidecido, decidi listar neste sítio algumas das coisas que não me agradam – queria ter usado o termo odeio, mas achei-o demasiado forte para a ocasião. 
  1. O SL Benfica, não só o clube, mas também a instituição, os seus afiliados e dirigentes; 
  2. Todos os mouros que andam por aí a injuriar o Norte, enaltecendo a "grandeza" de Lisboa, que de grande apenas tem a estupidez dos actuais e anteriores habitantes dos palácios de S. Bento, e de Belém; 
  3. O Dantas. Morre Dantas, morre. Pim! (Não sei, nem quero saber quem foi o Dantas, mas também não me agrada...); 
  4. Activistas que em meia dúzia de testamentos acabam por dizer rigorosamente coisa nenhuma; 
  5. Velhas, perdão, idosas, que passam por aqui por casa, e todas aquelas iguais a essas mesmas, que agem da mesma forma, assim como todas aquelas que simplesmente o são, e teimam em o ser; 
  6. Bento XVI, que com medo de mostrar sinais da sua homossexualidade impediu aqueles que esse medo não têm, de exercer o sacerdócio; 
  7. Todos aqueles que levam os provérbios à letra e têm medo de assumir as suas convicções e levá-las avante; 
  8. O Senhor Doutor Engenheiro Arquitecto Professor Palhaço Energúmeno George W. Bush. Terei mesmo de explicar porquê? 
  9. O Capitalismo Americano e todos os seus ideais. Dêem-me um desconto; 
  10. Todos aqueles a quem lhes parece que aconteceu não sei o quê, mas esses até perdoo pois lá me rio um bocado; 
  11. Toda a cultura barata de massas, que também chamo de cultura de casa-de-banho, que infelizmente por pertencer às massas, vejo-me obrigado a ouvir nem que seja de relance, se me apetecer ver TV, ou sair à rua. Mesmo enquanto escrevo este artigo estou a ver uma publicidade dessas no canto superior direito do monitor; 
  12. O SL Benfica. Não fosse o três o número da tragédia, que espero que se repita para os lados da Luz; 
Não quero correr o risco de dar um décimo terceiro motivo. O 13 é número de mau agoiro para vários lados e, como sou um cidadão europeu, vou deixar o doze como o número de estrelas da minha bandeira. Muita coisa foi deixada por se dizer, mas nunca devo parar de enaltecer por fim: Morre Dantas, morre. Pim! 

Publicado em 14 de Julho de 2013

sábado, 10 de dezembro de 2005

Nada

A verdade crua e fria, ou fria e crua, ou somente fria, (nunca cheguei a saber como é que se diz esta expressão correctamente) é que não tenha nada para dizer.

O que é o nada se não algo? Já disse muitas vezes que estava a fazer nada quando estava a fazer algo. O próprio acto de abrir a boca para dizer a palavra, ou de mexer os dedos para a dactilografar, é algo. E antes mesmo de fazer isso, estava a olhar, a pensar, a respirar. Mesmo estando parado, estou a fazer algo. Até um vegetal faz algo quando parece fazer nada.

Agora o nada, o que é o nada? O vácuo? Mas o vácuo não é nada, é algo, é o vácuo. É a ausência de qualquer coisa, não é o nada. A própria palavra “nada” é algo já de si, é uma palavra, é uma forma do verbo nadar. Até aí já é qualquer coisa para além do nada.

Para muitos, o nada é aquilo que surge depois de morrermos, mas isso também não é nada, é algo, é a morte.

Será o nada mais um mito urbano? Talvez, se pensarmos bem, as coisas que consideramos como sendo nada, o branco, o vazio, a morte, a paragem e a inoperação de alguma ocorrência. Tudo isto, não é nada, é algo, algo que está definido. Então o nada é o metafísico, é algo que desconhecemos. Também o que desconhecemos é algo. Irá ser descoberto mais cedo ou mais tarde. Isso também não é o nada.

Raios, afinal o que é nada? Nada, o nada não é nada, nada é nada, o nada não existe. É um pigmento da nossa imaginação, como tantas outras coisas que sentimos preguiça, ou um desejo tremendo em definir. O nada simplesmente é o que é, ou melhor, o que não é. O nada, nada é. O nada é o próprio nada.

Como já tinha referido, eu não tenho nada para dizer, mas esse nada tornou-se em algo. Tornou-se neste texto que na verdade fala de nada, pois é ao Nada que é dada toda a importância. É pelo nada que este artigo existe. Perguntam-me, o que é o nada? É algo que se deixa passar por nada.

Publicado em 11 de Julho de 2013

sábado, 3 de dezembro de 2005

Querido Diário

Ainda bem que até gosto de sequelas. Não, ainda não descobri outra palavra.

Estar constipado não é mesmo nada agradável. Drogam-me no primeiro dia e deixam-me os restantes para ser um mero observador na guerra, já milenar, entre o meu nariz e um qualquer pobre lenço corajoso, que se atravessa no seu caminho.

Lembras-te quando, numa tarde de um dia qualquer, limitei-me a fazer nada? Não? Eu também não. Se não, teria simplesmente escrito o dia, a hora, e o local. Nessa tarde criei este blogue e, muitas tardes depois, escrevi o meu primeiro artigo. Era sobre o Sporting CP. Depois desse artigo nunca mais toquei no assunto futebol, muito por causa dos poucos "ouvintes" que este blogue tem. Mas agora estou com vontade de o fazer, mas para não me sujeitar à inexistência de críticas, preferi dizer-to a ti.

Não sei se viste o jogo de ontem. Eu vi. Devo ser o único a dizer isto mas o Sporting CP merecia ter ganho. Podem ter existido penalties, até pode ter sido o FC Porto a equipa que mais atacou, mas desde quando é que o futebol é assim tão linear? A verdade é que nunca o foi.

A meu ver, o Sporting CP marcou o primeiro golo, e só sofreu o golo do FC Porto alguns minutos após a lesão do Carlos Martins. Sempre acreditei neste miúdo, e vá lá que alguém teve juízo para o pôr a jogar. Para além da clara diminuição da qualidade de jogo do Sporting CP após a saída deste miúdo, o golo apenas surgiu num lance caricato culminado com um auto-golo do Polga.

Se o Sporting CP não fosse o Sporting CP, mas o Vitória de Setúbal, o Boavista, ou uma qualquer equipa italiana, aquele golo só teria entrado por obra e graça do Espírito Santo. Logo, o resultado seria sempre 0 - 1, e nunca 2 - 1, pois não houve mais nenhuma bola a entrar na baliza do Ricardo.

Mil e uma coisas podem ser ditas, mas a verdade não deixa de ser esta: se tudo tivesse corrido normalmente, o Sporting CP tinha saído do Dragão com os três pontos. Mas tudo não correu normalmente, e o FC Porto lá roubou dois pontos ao Sporting.

Não concordas comigo? Sei que não tens muito remédio, ser inanimado que tu és. Agora devo voltar a outros afazeres. Não percas brevemente a tua quarta parte, neste mesmo blogue, num PC perto de ti.

Publicado em 10 de Julho de 2013

VII

Sol de Inverno (título original)
Sol de Inverno,
Húmido e doente.
De brilho cego e frio.

As nuvens são o meu consolo.
Quando tu desapareces,
Ó Sol invernoso,
Como não te aguento.

Mesmo no Outono já dói,
Já magoas os dias,
Já não és bem-vindo,
Já não quero a tua luz.

Desaparece, ó Sol.
Ó dador de vida,
Ó estragador dos dias.
Traz-me nuvens que iluminem,
Chuva que me aqueça,
Só não te tragas a ti 
Publicado em 9 de Julho de 2013