sexta-feira, 29 de julho de 2005

Coisas de Estudante

(Esta história é um mero teste, e por isso está disposta a sujeitar-se a qualquer tipo de crítica, especialmente às más)

Durante um exame conjunto de Filosofia e Inglês:

Na carteira mais distante da porta, mesmo junto à janela, o Miguel - o nosso herói - estava concentrado no seu exame de Filosofia. Na carteira a seguir à dele, estava o Paulo que tentava desesperadamente ultrapassar aquele muro que era o exame de Inglês. Apesar do ambiente de exame, há sempre uma oportunidade para copiar quando a stôra Gertrudes tira uma dúvida ou vai para a porta olhar-se ao espelho a tentar compreender o porquê de ter envelhecido tão depressa. Ora, esta história começa exactamente nesse momento.

Enquanto a Gertrudes atendia a uma questão posta por uma aluna lá no fundo da sala o Paulo decidiu arriscar:

- Hey, hey! Ó Migas ouve!

- ‘Pera. Deixa-me acabar esta frase...

-Acaba lá depressa que a "Giberlina" não demora muito!

- Ok, ok. Diz lá!

-Diz-me aí o verbo “to be”, esqueci-me pá!

Neste momento, o nosso herói desiste de escrever, vira-se rapidamente para trás e chama a stôra.

- Ó stôra! Isto assim NÃO DÁ! Tire já o exame a este menino, que não vale mesmo a pena! Quer dizer, ando eu aqui há... 6, não 7... sim 7 anos! A ensinar esta cambada de ignorantes tudo aquilo que sei de Inglês, e este Gervásio, nem sequer sabe o verbo to be! Acabou! Nunca mais!

Com isto, rasga o seu exame e sai da sala. A caminho de casa o Miguel lembra-se subitamente que o seu exame era de Filosofia e que acabou de rasgar a única oportunidade de subir a sua nota. Quanto ao Paulo, ficou com o exame de inglês anulado e ficou contente por não ter tirado nega de propósito. The rest is history, ou como diria o Paulo, o resto ser isto!

(As personagens e os acontecimentos são completamente fictícios, qualquer semelhança com personagens ou situações reais é pura coincidência!)

Publicado em 14 de Maio de 2013

segunda-feira, 25 de julho de 2005

Telemóveis

Agora que já sou um Confirmado vejo o mundo de uma maneira diferente.

Porquê?

Porque é que de há uns anos pra cá, temos sentido a necessidade de transportar nos nossos bolsos, malas, ou onde quer que seja, estes instrumentos que, a cada dia que passa, ficam mais minúsculos, e mais próximos de virem equipados com um forno microondas?

Não sei. Aliás, ninguém sabe. A ideia até pareceu boa: Na eventualidade de nos perdemos no meio de uma cidade, no campo, ou até mesmo no deserto (apesar de aí não haver rede), podemos sempre pegar nessa caixinha multicolor e ligar ao Papá para saber como ficou o Sporting CP. Ou até mesmo apreciar o nosso gato a romper o forro dos sofás, enquanto a Mãe nos liga com o seu i9, para vermos a eterna piada da situação. E tudo isto, quando apenas queria ir à padaria mas o GPS mandou-me para Banguecoque.

Ora digam-me lá, como era a vossa vida antes do vosso primeiro telemóvel? Acham que se tornou mais prática e útil? Ou apenas viram as vossas carteiras a emagrecer mais rápido que o prometido nos planos de dieta Becel?

Acho que não hesitariam em dizer que a segunda hipótese é a mais acertada. Pode até mesmo surgir-vos a seguinte questão: Que é que queres ó marmanjo? Vais-me dizer que também não tens um?

Pois, para meu desgosto, também tenho um. Gastei duzentos e cinquenta euros nele, e nem sequer tem Bluetooth. No entanto, para além de ter aprendido umas expressões novas, como "Bluetooth", "WAP", "SMS", "MMS", e milhares de abreviaturas que muitas vezes não passam da mesma palavra só que em vez dos "S" usa-se "X", achei a utilidade desta caixinha azul, completamente inútil. Para além do gozo de ver as gralhas de certos colegas meus em testes de Português B, pouco de bom veio do uso desta "coisa".

Mas tenham calma, também tem os seus pontos positivos. Quantas foram as vezes em que me perdi nalgum sítio e usei-o para me orientar? Inúmeras. E quantas vezes enviei mensagens a perguntar sinónimos de palavras em testes de Português B ao meu pai? Umas cinco ou seis.

Por isso, até valeu a pena. Além de que o mundo do engate nunca mais foi o mesmo. O único grande problema é quando ela não é da minha rede. Aí a coisa complica, pois entramos num conflito entre a carteira e… Bem, digamos o “dito cujo”.

Estas coisas vieram para ficar e já se tornaram num bem essencial, ou não fossemos nós o país onde há mais telemóveis do que habitantes.

Publicado em 12 de Junho de 2013

sábado, 23 de julho de 2005

V

Waiting for my real life to begin / A Espera (título original)

A qualquer hora chegará o meu navio.

Não vale a pena continuares a chorar esse leite que derramas.
Não vale a pena parares para olhar o horizonte,
E ficares pelo sítio onde começaste.
Não vale a pena continuares a cair sem som.

Estás à espera que a tua verdadeira vida comece.

Não consegues ver?
Já tens um plano.
Não consegues ver?
Estás à espera.
À espera de chegar a casa.
À espera de caíres,
De caíres sem som.
À espera, que a tua verdadeira vida comece.

E de repente não estás só.
Estás a chegar a casa,
E fazes algo bonito.
E vais amar-te até ao fim dos tempos.

E num dia limpo,
Consegues Ver.
Ver, um longo caminho.

Vais continuar a olhar o horizonte.
 
Publicado em 11 de Junho de 2013

sábado, 16 de julho de 2005

Exausto

Querido Diário,

Estou completamente exausto. Passei a última semana a estudar para três exames de equivalência à frequência (e ainda critico o Armindo...). Mas não é este estudo que me põe assim. 

Podia pôr as culpas no facto de me deitar às duas da manhã, e de me levantar às oito e meia. Por não ter uma alimentação adequada, ou até mesmo por ver demasiada televisão, e por passar demasiado tempo no PC. 

Mas a verdade é que a minha exaustão não é meramente física. Como podes tu discernir, ó guardador de segredos que de segredo não têm nada!

Não me sinto a afundar, nem tão pouco a voar, nem a cair, nem qualquer coisa deprimente que possas estar para aí a pensar, e que já estás mais do que farto de ouvir.

Eu apenas sinto "huh", isto é, nada, não sinto nada. Dor, cansaço, raiva, inconformação, desprezo, tristeza ou alegria momentânea. Talvez sinta isso de vez em quando, mas é mais certo dizer que sou um ser desprovido de sentimento. Cada dia que passa sinto-me sem mais motivos para viver. Mas não te preocupes, não me vou suicidar. 

Para quê? O meu último grito de ajuda será pedido de outra maneira. Mas espero não chegar a esse ponto. Com esta frase, acabei de tornar tudo isto num texto deprimente. 

A verdade é que nunca irás ser capaz de me compreender. Não passas de um caderno vazio com umas linhas riscadas por uma cor negra de tinta sem valor. 

Aliás, nem caderno és, és um conjunto de zeros e uns, escondidos num código binário por trás desta rede de computadores, que talvez possam um dia aceder a este blogue e decifrá-lo. 

Por isso, não és um diário. És uma página pública que de público não tens nada.
Mas já chega de falar sobre ti. Afinal, eu sou a personagem principal da história que se escreve em ti. Sem mim, estarias numa prateleira ou simplesmente não existirias. 

Eu não sinto nada, só exaustão a arrasar o desespero. 

Porquê? A resposta a isto pode parecer um cliché, mas um simples beijo seria o suficiente para me curar. 

Eu sei, eu sei. Haverá coisa mais lamechas? Mas o que queres? Indirectamente, é isso que causa esta minha exaustão, e todo e qualquer transtorno que daí advenha. 

Mas então, porque é que esse "desejo" não se concretiza? Perguntas bem, mas não te sei responder. Talvez porque não é um desejo. É algo mais. Algo que para o qual não existem palavras que o possam descrever. E aí tens a tua resposta. 

Comigo tudo se complica, tudo e mais alguma coisa. Porque sempre terá que haver alguma coisa. Porquê? Ó Son Goku diz-me porquê! 

Nem ele me sabe responder... Estou exausto, pois estou farto de ler nas entrelinhas. Quero voltar a ter aquela esperança que em tempos tive, ou não fosse eu sportinguista.

Estou exausto de tudo. De interpretar, de filosofar, de pensar, de dormir, de amar sem sentido. Estou farto disso tudo. Só queria curar a minha exaustão, terminar os exames e continuar à procura desse "sonho". 

Sim, tudo me está a afectar, a minha avó, o rio que está sujo, tudo e mais alguma coisa... E tu, ó diário? Não dizes nada? Não me respondes? Ficas calado como Deus, o Son Goku e o Littlefoot ficaram? Não me dás a resposta? Quem me dera ter uma lareira onde te queimar. 

Como dizia naquela parte do Reading no CAE, a nostalgia nem sempre pode ser boa. Por isso, talvez não hesite no momento de te atirar para as chamas. O problema é que sentiria que estaria a atirar-me a mim próprio. 

Vou sobreviver a mais uma semana. Muito vou escrever. Espero que a caneta não fique sem tinta. 

Quando tudo isto terminar, vou descansar, tal como dizem que Deus fez. E depois, tal como Ele, terei que arranjar uma solução para que o meu "sonho" se concretize.
 
Até qualquer dia, e não te esqueças de escrever.

Se pelo menos me pudesses responder...
Publicado em 10 de Junho de 2013