Há muito tempo que não te escrevo. Há muito tempo que não me respondes. Tenho saudades daquelas manhãs de Natal, em que acordava e todas as prendas que eu te tinha pedido, com excepção de algumas que, agora que olho para trás vejo que foram pedidos completamente sem sentido, estavam ali na cozinha, ao lado do meu sapato.
Uma vez, até me esqueci de uma delas, que ficou perdida atrás da mesa. Lembraste daquela vez que te esqueceste do teu gorro? Queria muito tê-lo aqui comigo. Talvez um dia pergunte à minha Mãe onde ele está.
Este ano voltei a portar-me mal e acho que não mereço que me visites. Não que alguma vez o tivesse achado, mas Tu lá vinhas. Eu não sou um dos bons. De certeza que há muita gente por aí que merece mais as minhas prendas. Não me importo que continues a não me visitar. Os meus pais e eu trataremos de arranjar aquilo que quero ou que preciso. Afinal como é que os teus duendes vão fazer DVDs? Só queria que me voltasses a responder.
Gostava de ter uma lareira para escrever esta carta e queimá-la, como ouvi dizer que faziam na Dinamarca. Terei que ter esperança em que já te tenhas dedicado às novas tecnologias, e que um dia venhas a ler esta carta que hoje te escrevo.
Agora sou capaz de compreender o porquê de Tu existires, assim como o porquê de certas pessoas precisarem que Tu existas.
Eu sempre adorei o Natal. Não só por Ti, mas também pelo Menino Jesus, embora ele tenha nascido a 17 de Abril. Daqui a poucas semanas vou montar as árvores e enfeitar a casa. Vou comer rabanadas, bilharacos, fruta cristalizada e bacalhau. Vou abrir as prendas, algumas já mais que anunciadas, outras, apenas meros envelopes com papéis de tecido, alguns chocolates, e algumas peças de roupa para pôr num canto do meu armário.
O próximo ano será diferente. Eu sei que vai ser. Só gostava que fosse melhor. Até lá, fico à tua espera. Nunca te esquecerei Pai Natal.
Um abraço, do mesmo de sempre.
Publicado em 8 de Julho de 2013
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