Muitos de vocês já devem ter experimentado, pelo menos uma vez, conversar com estranhos em chat rooms ou pelo Messenger. É uma verdadeira faca de dois legumes, como dizia Jaime Pacheco. Mas o legume que mais interessa, é aquele da conversa esclarecedora e interessante, que de vez em quando lá surge para nos entreter, e para nos fazer passar um bom bocado.
Depois dessa primeira conversa, ansiamos pela segunda, que às vezes continua a ser tão boa como a primeira, mas que outras vezes acaba em desgraça. Em tudo semelhante aos encontros “às cegas” que temos ao longo da nossa vida, com a facilidade de não termos que sair de casa, ou até mesmo de nos levantarmos da cadeira.
E quando não só a segunda, mas a terceira, a quarta, e eventualmente todas as subsequentes, se tornam conversas daquelas que já não somos capazes de passar um dia sem as ter? O momento em que essa pessoa vem falar connosco, ou que responde às nossas mensagens, torna-se num momento mágico. Num pequeno prazer que se concretiza diante de nós.
Alcançamos outro patamar, e começamos a partilhar momentos íntimos com alguém, que nunca vimos uma única vez. Isso às vezes resolve-se com um daqueles blind dates, que são tudo menos cegos. Um dia éramos estranhos, mais íntimos que familiares a falar por um teclado. No outro, somos duas pessoas, frente a frente, capazes de comunicar verbalmente uma com a outra.
Por vezes, a magia desaparece nesse momento e nunca mais volta. A atracção do ser interior desvanece. O pouco à vontade, aquela vergonha de estar ali apodera-se de nós, e acabamos por nos separar. Uma perfeita amizade que teria resultado, não fosse esta espécie de preconceito, que o destino lhe impôs, impedindo-os de se conformarem com as suas vidas no mundo real.
Mas, felizmente, nem sempre é assim. Há quem se junte, e crie laços eternos, impossíveis de alguma vez serem quebrados. A ansiedade por aquela mensagem, por aquele aviso a alertar que recebemos um e-mail, aumenta cada vez mais. Se esse laço esbarrar com o obstáculo da distância, nem sempre sobrevive, ou então resiste apenas para ver alguma parte da magia a esvanecer. Contudo, bem gerida, a perda não é assim tão pesada.
Não devemos ter medo de explorar estes novos horizontes. Quem sabe o que podemos encontrar mais além? Só se experimentarmos é que o descobrimos. Até mesmo para fomentar os laços com alguém que apenas vemos uma vez por dia, e com quem não desenvolvemos grandes conversas, este é um óptimo lugar.
Não o devemos temer, nem menosprezar. Devemos aceitá-lo como mais uma daquelas dádivas tecnológicas que nos ajudam a manter-nos ligados ao Mundo.
Deixem o preconceito para trás. Esqueçam os vossos estereótipos. Ignorem quem vos tentar deter. Abracem esta oportunidade. Descubram o verdadeiro prazer de receber aquele e-mail, aquela mensagem instantânea, que mesmo num dia triste, vos alegra para o resto da vida.
Publicado em 18 de Julho de 2013
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