sábado, 16 de julho de 2005

Exausto

Querido Diário,

Estou completamente exausto. Passei a última semana a estudar para três exames de equivalência à frequência (e ainda critico o Armindo...). Mas não é este estudo que me põe assim. 

Podia pôr as culpas no facto de me deitar às duas da manhã, e de me levantar às oito e meia. Por não ter uma alimentação adequada, ou até mesmo por ver demasiada televisão, e por passar demasiado tempo no PC. 

Mas a verdade é que a minha exaustão não é meramente física. Como podes tu discernir, ó guardador de segredos que de segredo não têm nada!

Não me sinto a afundar, nem tão pouco a voar, nem a cair, nem qualquer coisa deprimente que possas estar para aí a pensar, e que já estás mais do que farto de ouvir.

Eu apenas sinto "huh", isto é, nada, não sinto nada. Dor, cansaço, raiva, inconformação, desprezo, tristeza ou alegria momentânea. Talvez sinta isso de vez em quando, mas é mais certo dizer que sou um ser desprovido de sentimento. Cada dia que passa sinto-me sem mais motivos para viver. Mas não te preocupes, não me vou suicidar. 

Para quê? O meu último grito de ajuda será pedido de outra maneira. Mas espero não chegar a esse ponto. Com esta frase, acabei de tornar tudo isto num texto deprimente. 

A verdade é que nunca irás ser capaz de me compreender. Não passas de um caderno vazio com umas linhas riscadas por uma cor negra de tinta sem valor. 

Aliás, nem caderno és, és um conjunto de zeros e uns, escondidos num código binário por trás desta rede de computadores, que talvez possam um dia aceder a este blogue e decifrá-lo. 

Por isso, não és um diário. És uma página pública que de público não tens nada.
Mas já chega de falar sobre ti. Afinal, eu sou a personagem principal da história que se escreve em ti. Sem mim, estarias numa prateleira ou simplesmente não existirias. 

Eu não sinto nada, só exaustão a arrasar o desespero. 

Porquê? A resposta a isto pode parecer um cliché, mas um simples beijo seria o suficiente para me curar. 

Eu sei, eu sei. Haverá coisa mais lamechas? Mas o que queres? Indirectamente, é isso que causa esta minha exaustão, e todo e qualquer transtorno que daí advenha. 

Mas então, porque é que esse "desejo" não se concretiza? Perguntas bem, mas não te sei responder. Talvez porque não é um desejo. É algo mais. Algo que para o qual não existem palavras que o possam descrever. E aí tens a tua resposta. 

Comigo tudo se complica, tudo e mais alguma coisa. Porque sempre terá que haver alguma coisa. Porquê? Ó Son Goku diz-me porquê! 

Nem ele me sabe responder... Estou exausto, pois estou farto de ler nas entrelinhas. Quero voltar a ter aquela esperança que em tempos tive, ou não fosse eu sportinguista.

Estou exausto de tudo. De interpretar, de filosofar, de pensar, de dormir, de amar sem sentido. Estou farto disso tudo. Só queria curar a minha exaustão, terminar os exames e continuar à procura desse "sonho". 

Sim, tudo me está a afectar, a minha avó, o rio que está sujo, tudo e mais alguma coisa... E tu, ó diário? Não dizes nada? Não me respondes? Ficas calado como Deus, o Son Goku e o Littlefoot ficaram? Não me dás a resposta? Quem me dera ter uma lareira onde te queimar. 

Como dizia naquela parte do Reading no CAE, a nostalgia nem sempre pode ser boa. Por isso, talvez não hesite no momento de te atirar para as chamas. O problema é que sentiria que estaria a atirar-me a mim próprio. 

Vou sobreviver a mais uma semana. Muito vou escrever. Espero que a caneta não fique sem tinta. 

Quando tudo isto terminar, vou descansar, tal como dizem que Deus fez. E depois, tal como Ele, terei que arranjar uma solução para que o meu "sonho" se concretize.
 
Até qualquer dia, e não te esqueças de escrever.

Se pelo menos me pudesses responder...
Publicado em 10 de Junho de 2013

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