Imagino o choque de um leitor que encontrasse este título numa livraria, ou numa notícia de jornal. Os factos são factos, Portugal é um dos países europeus com o maior número de pessoas infectadas com o VIH. O número de mães adolescentes tem vindo a aumentar, e os jovens iniciam a vida sexual cada vez mais cedo. Mas, factos são apenas factos, e a verdade é que o título está completamente certo.
Antes de passar à explicação que todos esperam, vou elucidar-vos com uma pequena lição de História. Na antiguidade, antes do surgimento do Cristianismo, era comum, em muitas religiões, usarem o sexo como uma maneira de entrarem em contacto com o divino. Por vezes, os grandes rituais religiosos resumiam-se a cenas de sexo, com o intuito de entrarem em êxtase e contactarem com Deus.
Para os gregos antigos, e durante grande parte do Império Romano, o sexo não tinha tabus. Era um acto natural, que todos nós devíamos desfrutar sempre que tivéssemos oportunidade. Mas tudo isto mudou quando surgiu a religião cristã, com todas as suas regras e imposições, e declarou o sexo sem finalidades reprodutivas, como um pecado.
Isto, como é óbvio, assustou muita gente, mas também fez com que muitos daqueles que estavam interessados nos ideais cristãos, se desinteressassem. Para os respeitar, teriam que largar tudo o que era divertido na vida. Por isso, passámos de uma sociedade que adorava, idolatrava, divinizava, e não estranhava o sexo, para uma sociedade púdica, cheia de tabus, que continha o impulso sexual pelo máximo tempo possível.
Tornámo-nos seres estranhos, com comportamentos que nada correspondem àquilo que se passa na Natureza. Por comportamentos estranhos, refiro-me ao celibato e à abstinência, já que qualquer tipo de sexo é cem por cento natural. Como Freud uma vez disse, "apenas não fazer sexo é que não é natural".
Após esta lição de História, podem já se ter esquecido do título. Podem ter mesmo questionado o que é que esta treta de gregos, deuses, e tarados sexuais, tem a ver com a cor do manto da Nossa Senhora. Esperem mais um pouco, estou quase a chegar lá.
Por vivermos numa sociedade extremamente púdica, e por na década de 1960 termos sentido a necessidade de lutar contra o Sistema – não confundir com o Sistema de Dias da Cunha, esse fica para outro artigo –, é que decidimos acabar com todos os tabus em volta do sexo. Tornando-o, assim, acessível a tudo e a todos.
Com a chegada das novas tecnologias, até deixámos de passar pela vergonha de irmos comprar pornografia a um quiosque, ou de arranjar alguém mais velho para a comprar por nós. O sexo está aí, à mão de semear. É só ter vontade para o procurar.
Com toda esta informação, crianças, não jovens, mas sim crianças, têm fácil acesso a pornografia e a material erótico. Antes dos onze anos já sabem mais do que os pais sabiam quando tinham vinte e um. Como o mundo do sexo tornou-se num universo aberto, começam cedo a sentir a pressão para perder a virgindade. Essa pressão surge através do seu grupo de amigos, nas escolas, e por contacto com jovens de idade superior às suas.
Eles fazem-no por curiosidade, por pressão, e para não ficarem para trás. Começam a tentar gostar daquilo, e a fazer tudo o que vêem nos filmes. Não perdem tempo para conhecer o seu corpo, e o seu "eu" sexual. Vão logo para o acto. Transformam-no num hábito, numa rotina. Chegam mesmo a defender até à morte, a ideia de que gostam e de que têm muito prazer, quando na verdade não chegam a sentir qualquer tipo de satisfação.
Muitas vezes têm receio de se explorarem, e de procurar as suas verdadeiras necessidades sexuais. Eles fazem-no pelo mesmo motivo que fumam, e que bebem. Sentem-se especiais. Esquecem-se que perderam tudo o que é especial no sexo. Esquecem-se que não existe melhor sensação do que fazê-lo com a pessoa certa. Esquecem-se do contacto com o divino, do verdadeiro êxtase.
Na sua contínua luta por uma popularidade sem importância, desperdiçam tudo aquilo que podiam ter. Mais tarde, talvez se apercebam do que desperdiçaram. Talvez arranjem maneira de o recuperar. Mas, enquanto são jovens, simplesmente aprendem a não gostar de f*der, pois não o fazem por gosto, mas apenas por obrigação.
Publicado em 24 de Junho de 2013
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