sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

A Véspera da Véspera de Natal

Já dizia alguém que percebe do assunto: Nós temos 365 maneiras de fazer bacalhau! Pois a mim só me interessa a maneira 358 – como génio mal compreendido da matemática, explico para aqueles que não o são, que esse número corresponde ao dia 24 de Dezembro, pelo menos em anos que bissextos não o são. 

Hoje é a véspera da véspera de Natal, a véspera da Consoada, ou simplesmente o dia 23 de Dezembro. 

Já era madrugada de 22 para 23, quando a minha contínua busca de conhecimento, leva-me a iniciar uma conversa com uma conterrânea da formosa Invicta, e a descobrir mais um dos males impostos por estes anos de refúgio ovarino. Era do meu total desconhecimento o que eram Pencas. 

Isto não é bem verdade, no limiar da minha cabeça “penca” era sinónimo de “nariz”, mas aqui voltamos à eterna luta entre o pingo e o garoto. A penca para esta conterrânea, e para todos os seus conterrâneos, é uma couve repolhuda, que por estas bandas tem o nome de Couvões. Para meu espanto, na Consoada juntamos ao azeite, à batata cozida, àqueles verdes que nunca como, à pimenta e ao alho, as ditas Pencas. 

No meio de narizes e Bacalhaus (que os nossos amigos Ingleses são incapazes de pronunciar devido à inexistência do som "lh" na sua fonética, acabando por graciosamente sair esta palavra risível de se ouvir: bacaíau) acabamos por nos sentar à mesa, amanhã, na véspera do dia de Natal, prontos para encher a pança com esta iguaria. A ela juntam-se os bilharacos, feitos de abóbora ou de cabaça (mais uma luta eterna), o tão dito e declarado Pão-de-Ló, não o Portucalense que esse nem de bolo seco merece ser chamado, mas a iguaria vareira, que há tantos anos dá "nome" a este sítio, as frutas cristalizadas, os pinhões, e etc., e etc. 

Não quero falar da aletria, ou da letria, que já muitos desgostos me trouxe. Mas que estou para aqui a dizer? O importante são as Pencas, minhas senhoras e meus senhores. Essas maravilhas do mundo vegetal que a minha Mãe chega a ter em excesso no quintal. 

De Couvões pouco percebo. Serão angiospérmicas? Espero que não, já que nem sei o que angiospérmicas são. Só sei que no meu prato vão aparecer, não será sinónimo de eu as ir comer, mas pelo menos lá estarão. 

Depois da tempestade a bonança. Mas ainda é dia 23, coitado deste dia, ser véspera de véspera é como ser deputado, é ser nada sem significado. Mas do Nada, já falei, ao Pai Natal escrevi, do Natal em si, esperarei, e em breve comentarei. Até lá só digo assim: Morre Pencas, morre! Pim! 

Publicado em 15 de Julho de 2013

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