Deparei-me com um dilema quando comecei a pensar sobre que início dar a este artigo. Optei, enfim, por começar com uma explicação: Não se preocupem, este não é mais um daqueles gritos lamechas que tantas vezes já ouviram, e que provavelmente estão fartos de ouvir.
Eu não falo para ninguém. Quem é ninguém, além daquele único bravo que o Rei deixa entrar no seu palácio?
Eu, assim como todos, quando me exprimo, tento atingir alguém. Nada mais me faz sentir uma profunda sensação de maravilha do que fazer com que esse "infeliz" me ouça, e saber que ele me compreendeu.
Estamos sempre sujeitos à crítica, e sabe-se lá ao que mais. Mas isso sempre é melhor do que nos depararmos com um rosto impávido de completa pasmaceira. Como se tivéssemos acabado de citar um versículo da Bíblia em aramaico.
De qualquer forma, a minha maneira de viver, ou de aguentar esta coisa que alguém chama de vida, faz com que me depare com situações destas todos os dias. Às vezes porque falei baixo demais. Outras por usar estrangeirismos, ou até mesmo por falar outra língua que não a nativa da pessoa a quem me dirijo. E isso simplesmente irrita-me!
Eu não quero ter que repetir o que digo. Eu não quero ter que explicar o que digo. Quero que percebam bem isto. Não me interpretem mal e, por favor, não façam falsas suposições, pois isso só me faz ter que explicar!
E agora sim, talvez tenha acabado de tornar este artigo num texto lamechas. Porque raios não são capazes de me deixar em paz, se não são capazes de me responder da maneira que eu espero, ou de uma maneira melhor? Se o assunto não vos interessa digam-me para parar. O simples acto de abrir a minha boca já é desesperadamente desgastante e insuportável – isto está a ir de mal a pior.
Eu sinto-me farto, completamente farto, destas situações. Odeio tanto isto, como odeio quando tenho que rastejar nos sonhos. Quando, por alguma razão, as minhas pernas não funcionam e fica tudo em slow motion, excepto aquele ser cujo único motivo de viver é saborear a minha derrota – graças a Deus que estou a aprender a fazer o Kame-ah-me. Obrigado Son Goku!
Nas várias tentativas de expressar a minha inadequabilidade, já me chamei de fénix que não renasce das cinzas. Já liderei uma revolução de coelhos amarelos, e já voei para longe nas azas de uma pomba azul.
Mas de que serve tudo isto? Porque continuo a atirar-me do precipício vezes sem conta, deixando-a ali a chorar? Porque tenho que ser eu a empurrar-me a mim próprio? Que desejo mórbido é este de a matar?
Acabei de fugir 180 graus à esquerda do assunto inicial. Sim, porque a esquerda é que é o bom caminho.
Sinceramente, não percebo porque acabo sempre por me queixar. Nem porque acabo por escrever textos lamechas que, quantas mais vezes os leio, mais me envergonha tê-los aqui publicados.
Na verdade, não estou mesmo para aí virado. Muitas cartas foram escritas. Muitas letras também. Pedindo salvação, muitos rezaram. Ninguém lhes respondeu.
Às vezes só peço para deixar de perder. Já lá vão os tempos em que uma Rainha e uma Torre bateram aquele grande exemplo. Para mais nada, isto serve.
Porque ninguém me compreende? Pois ninguém é eu. Eu sou eu e, para me compreenderem, talvez tenha que dar de caras com aquela sombra enublada. Talvez me compreendam quando vir essa luz ao fundo do túnel. Túnel que nunca verei, pois sou mais um tipo de pontes.
Aquilo que eu sei, sei-o eu. Aquilo que eu sou, sou eu. Eu sou eu, são capazes de compreender? Não? Nem com um texto destes me fiz parecer claro?
Eu não tenho clareza. Eu não me quero explicar. Não há ninguém que seja eu, e só por isso ninguém me compreenderá. Compreendem?
Publicado em 6 de Junho de 2013
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