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E desta forma o mundo acabou.
Por vezes gostava de me sentir como o Larry Underwood, a caminhar num mundo destroçado, coberto por desertos e mortos. Acompanhado apenas por um pontual oásis de vida humana, avistado de quando em vez.
A verdade é que não saberia como sobreviver. Neste mundo, não foram poucas as vezes que me senti desta forma, mas, pelo menos, sempre tinha comida fresca na mesa. Um carro atestado e com a revisão em dia. E pouca, ou nenhuma, necessidade de temer os estranhos que passavam pela rua. Apenas em tempos de escassez podemos ver o quanto especiais verdadeiramente somos.
De qualquer das maneiras, à mínima ferida mais grave, ver-me-ia condenado. Será que valeria a pena ser um dos poucos sobreviventes do apocalipse? Talvez finalmente encontrasse assim alguma paz. Talvez a morte não seja assim tão má. Não sei. Também não sei se faria como os outros, e iria em busca de vida humana. Já hoje pouco a procuro, embora, por vezes, deseje alguma da sua diversidade.
A verdade é que nestas coisas não existe verdade. São meras hipóteses que, pouco provavelmente, algum dia virão a ter uma oportunidade de serem provadas, ou contra-argumentadas.
Estar só no meio de uma multidão pode ser dos mais antigos clichés que nos vemos obrigados a ouvir, mas, contudo, não deixa de continuar a acontecer.
Estarei realmente só? Não, mas gosto de pensar que sim. Estranho sentimento de self-pity que provavelmente nunca irei compreender.
A verdade é que não existe nenhuma verdade, nem tão pouco uma mentira. As coisas são como são. Eu sou como sou. Não estou só, mas anseio por me sentir assim. Só quero aquilo que não posso ter, e só preciso daquilo que não quero. Um paradoxo ambulante. O meu dogma. A minha cruz. Estas palavras já não fazem sentido, nem tão pouco era essa a minha intenção.
Acredito que seria um sobrevivente. Não me imagino morto, logo serei imortal. Tal pensamento egocêntrico talvez nunca venha a ser provado. Mas irei comprovar algo, alguma vez? Vou continuar a celebrar aquilo que nunca irei ter?
Perguntas lançadas no ar, que sem resposta vão permanecer. Isto de ser eu não tem muita piada, ou talvez as coisas não sejam assim. A verdade é que nem sei o que estou a escrever, nem o porquê de o estar a fazer.
Escrever sem sentido faz-te dizer coisas que podem ficar confusas. Mas todo o caos tem a sua ordem. Não é preciso procurar muito para a encontrar. Ela é tão explícita como a beleza interior.
Não espero por interpretações, nem por possíveis intervenções. Essas simplesmente não existem. Isto é o que é. Eu sou o que sou. E por enquanto ficarei por aqui. Tanto para dizer, tão pouco tempo para o fazer, tão poucas razões também.
Publicado em 28 de Julho de 2013
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