segunda-feira, 1 de agosto de 2005

Um ano

Não, não é o meu aniversário, nem algo do género. Aliás, o dia 1 de Agosto do ano passado não deve ter sido muito diferente do dia 1 de Agosto deste ano. Mas a verdade é que já passou um ano, e tenho a certeza que hoje, o meu estado de espírito é diferente. 

Há pouco mais de um ano atrás, em pleno Verão, entrei num Outono que, por enquanto, ainda não se decidiu transformar em Primavera. Não sei se já é Inverno, ou se voltou a transformar-se em Verão, mas isso também é o menos importante. 

Ainda há pouco menos de cinco minutos, li um artigo num blogue que encontrei na página principal dos blogues do Sapo (já agora, foi este: A Felina Romantika). O que encontrei lá escrito, não posso negar, é algo que muito queria poder ter escrito em vários momentos da minha vida. Contudo, não o escrevi. Não por falta de tinta, vontade, papel, ou blogue, mas porque simplesmente não posso escrever, pois nada daquilo me aconteceu. 


Não por me afastar, pois o sentimento de não desistir é realmente algo que me persegue, e do qual eu me apercebo. Muitas vezes descrito como mais um defeito do que outra coisa, é algo que me é inato e imutável: Sou um Romântico e não posso fazer nada acerca disso, nem o quero fazer. 

Se, talvez, tivesse tentado a aproximação em alguns casos que, ultimamente me atormentam, não só em sonhos, mas também surgindo escondidos no meio das multidões, talvez tivesse conseguido o mesmo que a autora desse blogue. Apesar de tudo em mim me dizer o contrário, e de eu acreditar "neles". Aliás, até posso dizer que consegui uma aproximação semelhante com um dos casos mais recentes – eu tenho cá um jeito para tornar isto o mais sintético e técnico possível, não tenho? Faz parte da minha natureza formal. A culpa é do Inglês. 

Continuo ainda com esse receio, agora alimentado por uma incerteza, e uma sensação extrema de que, simplesmente, não vale a pena. Aquilo que penso que sinto, não é realmente o que sinto. Mas será isto assim ou será apenas uma barreira, falta de coragem, ou simples preguiça de fazer aquilo que já devia ter feito, há muito tempo? Pois, não sei. Só sei que tenho tentado ganhar toda a coragem possível. No entanto, acabo sempre por desistir, pois, apesar de tudo, continuo sem compreender nada, e sem saber o que fazer. 

Não sei ler os sinais, não sei ver se eles existem ou não. Só sei que me vejo assolado por uma vontade extrema de não tomar iniciativa, por vezes chegando mesmo a procurar outra saída, mais segura, mas que talvez não me dê aquilo que quero. Mas o que quero eu? Isto? Aquilo? Ela? Mas, porquê? Não sei. Apenas queria que ela me desse uma hipótese de o descobrir. 

Tudo em mim me diz que ela não ma dará. Mais vale, então, dispensar o embaraço e ficar "na minha" como se costuma dizer. Claro, depois terei que sofrer e aguentar com os "e se", e acreditem, já ando a aguentar com estes "e se" há tempo demais. Falta-me coragem para dizer aquela frase. 

Para quem tem medo de morrer, viver é ainda muito mais assustador.

Com isto tudo, não me quero queixar, nem soar lamechas, mas a verdade é que as coisas não são assim tão simples, apesar de o poderem ser. Já tenho demasiados fantasmas no armário. Mais vale arranjar essa coragem, que de corajosa não tem nada, pois as probabilidades indicam que o fracasso e a humilhação são o pão das apostas. 

Tentarei arranjar essa coragem sem me deixar cair em ilusões, aliás, já estou demasiado ferido e assustado para que mais uma coisa destas me doa. 

Retomando o assunto, apesar de tudo, ainda não saí do Outono em que me puseram há um ano atrás. Mas também não posso dizer que é mau de todo. A cor das folhas serve de adereço aos muitos sonhos, e o calor das casas, e das pessoas, é sempre um abrigo bem desejado. 

Com mais um daqueles artigos de possível melancolia sentimental vos deixo. Espero que não se fartem deles.

Publicado em 13 de Junho de 2013

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